Nova Indústria Brasil - O impacto da nova política industrial para o futuro do setor
18.02.2024
Por Gabriel Pavão*
Com a chegada de 2024, o futuro do setor industrial vem tomando novos rumos. No início deste ano, o Governo Federal anunciou a mais recente política industrial do país, nomeada como “Nova Indústria Brasil”, com previsão de R$ 300 bilhões em financiamentos para o setor até 2026. O principal objetivo, com a implementação da medida, é impulsionar o desenvolvimento de um dos principais setores responsáveis pela economia nacional e transformar o Estado no grande indutor deste avanço.
Para se ter uma ideia do papel desempenhado pela indústria para a economia brasileira, segundo dados do IBGE, o segmento foi responsável por 26,3% do PIB brasileiro no ano de 2022, o que equivale a um montante de quase R$ 2,7 trilhões.
Diante desse contexto, é imprescindível analisar o impacto das inovações tecnológicas, em especial da manutenção inteligente, na transformação e no crescimento contínuo da indústria brasileira, bem como os desafios e as tendências que devem permear o setor nos próximos meses.
Um panorama sobre a manutenção inteligente
Nos últimos anos, a manutenção inteligente tem evoluído de forma significativa, impulsionada, sobretudo, pela convergência de tecnologias de ponta, incluindo Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Realidade Aumentada e análise de dados preditiva, e pela necessidade das empresas de otimizarem seus processos e reduzirem custos operacionais.
Nesse sentido, a implementação da nova política industrial do Brasil cria um ambiente propício para a expansão e consolidação da manutenção inteligente como uma prática essencial para o desenvolvimento sustentável da indústria nacional. Com investimentos em tecnologias emergentes as empresas poderão modernizar seus processos de manutenção, aumentar sua competitividade no mercado global e contribuir para a construção de uma economia mais eficiente e sustentável.
Entretanto, é importante ressaltar que o sucesso da implementação da manutenção inteligente no contexto da nova política industrial do Brasil dependerá não apenas dos recursos financeiros disponibilizados, mas também da resiliência das empresas para driblar os desafios existentes no setor.
Desafios da manutenção inteligente na indústria brasileira
Entre os obstáculos que permeiam a indústria atualmente, destaca-se à falta de capacitação de profissionais voltada à manutenção inteligente. A escassez de mão de obra qualificada emerge como um desafio significativo para as empresas que almejam adotar práticas avançadas de gestão de ativos. O déficit de profissionais especializados não apenas compromete a eficiência operacional, mas também expõe as organizações a vulnerabilidades associadas a falhas imprevistas nos processos produtivos.
Além da escassez de mão de obra especializada, o alto custo financeiro associado ao treinamento em tecnologias emergentes adiciona uma camada de complexidade aos desafios enfrentados pela indústria. A rápida evolução das ferramentas e metodologias utilizadas na manutenção inteligente demanda investimentos substanciais em programas de capacitação. Empresas que buscam implementar este tipo de prática confrontam o dilema entre a necessidade de atualização constante de suas equipes e as realidades financeiras da conjuntura empresarial.
Neste contexto, as empresas enfrentam a necessidade de elaborar estratégias assertivas para atrair e reter talentos qualificados e investir em treinamento sobre tecnologias emergentes, além de metodologias e novas estratégias de manutenção, fomentando uma abordagem proativa no que se refere à capacitação e formação de profissionais aptos a lidar com as exigências deste mercado.
Os benefícios da manutenção inteligente para o segmento industrial
Anteriormente, a manutenção industrial era predominantemente reativa, onde as empresas só intervinham após a ocorrência de falhas nos equipamentos. No entanto, essa abordagem custosa e muitas vezes ineficaz está sendo rapidamente substituída pela manutenção inteligente, que se baseia em dados e análises para prever tendências de desgaste nos equipamentos, permitindo intervenções proativas antes que ocorram falhas.
Diante disto, os benefícios da manutenção inteligente são vastos e tangíveis. De acordo com um estudo da Aberdeen Group, as empresas que utilizam a manutenção preditiva podem reduzir os custos de manutenção em até 30%. O estudo também constatou que as empresas que utilizam este modelo podem melhorar a confiabilidade dos equipamentos em até 20% e aumentar a segurança operacional em até 15%, tornando-o fundamental não só para a otimização dos processos, mas também para a redução do tempo de inatividade e o aumento da eficiência operacional.
Com a implementação da "Nova Indústria Brasil", a manutenção inteligente se torna ainda mais essencial. As metas propostas, incluindo o fortalecimento das cadeias agroindustriais, a transformação digital e a descarbonização, alinham-se perfeitamente aos objetivos da manutenção inteligente em modernizar e tornar mais eficiente a infraestrutura industrial do país.
Além disto, a integração da Inteligência Artificial e da Internet das Coisas na manutenção inteligente é uma prova de como a inovação tecnológica está impulsionando o setor. A automação de tarefas, a identificação precoce de problemas e a otimização de recursos são apenas algumas das maneiras pelas quais essas tecnologias estão revolucionando a forma como a manutenção é realizada.
À medida que se olha para o futuro, as expectativas para a evolução da manutenção inteligente são altamente positivas. A adoção crescente de tecnologias emergentes e práticas sustentáveis ??está pavimentando o caminho para um setor industrial mais resiliente, eficiente e orientado para o futuro.
Desta forma, a manutenção inteligente não é apenas uma opção, mas sim um pilar fundamental para o desenvolvimento do setor. Com o apoio da nova política industrial e o compromisso das empresas com a inovação e a sustentabilidade, é possível vislumbrar um futuro de excelência para a indústria, impulsionado, principalmente, pelo avanço tecnológico.
*Co-founder e head of partnerships da Fracttal Brasil