Segurança no agronegócio: o olho do dono e a tecnologia é que engordam o gado

Segurança no agronegócio: o olho do dono e a tecnologia é que engordam o gado

24.08.2022

Por Evandro Brito*

 O interior sempre foi um gerador de riquezas no Brasil e é considerado o domicílio do agronegócio, setor que hoje é reconhecido como crucial para o crescimento do País, respondendo por aproximadamente 27% do PIB (Produto Interno Bruto). Toda essa evolução do setor ocorreu graças aos avanços em pesquisas, tecnologias e processos.

Com o impulso tech, o agro nunca esteve tão pop, valorizando suas atividades e tudo o que está ao seu redor. Entretanto, esse desenvolvimento traz à tona uma preocupação crônica que persiste: a segurança. Os milhões investidos em desenvolvimento agrário, aquisição de insumos, maquinário, animais e até terras incrementam o crescimento agrário, assim como as estatísticas de roubos e furtos.

Infelizmente, o campo não é tão tranquilo quanto se parece. Impasses como conflitos políticos e de propriedades, passando pelo desmatamento até chegar ao cenário da violência fazem parte da realidade dos agropecuaristas de norte a sul do País.

O ambiente rural é, muitas vezes, complexo devido às suas características e se torna um desafio no setor da segurança, tanto pública quanto privada. Riscos como sabotagens, furtos e roubos fazem a área rural, que é uma mina de ouro em investimentos se tornar uma mina terrestre quando os riscos se concretizam.

Quando se fala em pecuária, o abigeato, ou seja, furto de animais, é uma realidade que preocupa os donos de gado em todo o País. Estarmos numa área livre da febre aftosa condicionou ao aumento da cotação do boi brasileiro tanto no mercado financeiro, quanto nas incidências de roubos. Em pesquisa realizada pelo Canal Rural, nos dados coletados entre 2018 e o primeiro trimestre de 2022, percebeu-se o aumento diretamente proporcional entre o preço da arroba do boi e o dos roubos de cabeça de gado no Estado de Minas Gerais.

O furto e roubo de máquinas e insumos agrícolas também faz parte desse problema, principalmente por se tratar de itens caros e nem sempre protegidos. Esse tipo de delito é um dos mais graves ao produtor e o mais praticado pelos bandidos, uma vez que os objetos de furto não costumam ter identificação e vão direto para a mão de receptadores, o que torna a recuperação uma batalha jurídica.

Apesar dos crimes que acontecem especificamente nesse segmento, os órgãos públicos tentam fazer a sua parte para ajudar na redução dos índices de criminalidade, como a IdAgro, plataforma federal que consiste no registro e rastreio de tratores e equipamentos agrícolas. Outro exemplo vem do âmbito estadual com a criação de áreas da Polícia Civil responsáveis pela investigação de crimes dessa natureza. Apesar do esforço do estado para a redução desses casos de violência no campo, ainda não é o suficiente.

Para que a segurança não fique apenas na responsabilidade do poder público, o produtor rural também pode proteger seu patrimônio por meio de medidas legais e inteligentes, como um projeto de segurança robusto e bem aplicado, que pode redimir a ação dos bandidos e reduzir a exposição ao risco.

A chegada da tecnologia 5G pode favorecer esse cenário. Segundo a IDC Brasil (International Data Corporation), estão previstos investimentos na ordem de US? 25 bilhões até 2025 para a ampliação da cobertura, trazendo mais velocidade e estabilidade na conexão, o que ampliará a eficiência no uso de ferramentas que utilizam a internet para mitigar riscos. Vale lembrar que o uso da tecnologia para a segurança eletrônica vai além das câmeras e sensores. Atualmente, ferramentas como drones, mecanismos rastreadores e a aplicação da Inteligência Artificial inovam a estrutura de segurança.

Mas é bom ressaltar que nada funciona sozinho. Para que essas ferramentas trabalhem a favor dos negócios é preciso criar um tripé unindo os recursos tecnológicos a uma estratégia bem definida e uma equipe bem treinada. Uma estrutura integrada possibilita a redução dos riscos e dos problemas de segurança no agronegócio.

E não é apenas o produtor quem ganha, mas também as forças públicas por meio da troca de informações confiáveis e atualizadas, gerando assim melhores condutas na busca da redução dos delitos. Investir de forma estratégica e se unir às forças públicas promoverá ao produtor rural a condição dele cuidar daquilo que realmente importa: o seu negócio, mesmo porque, segundo o ditado: é o olho do dono que engorda o gado.

Consultor especialista em segurança empresarial na ICTS Security*