Nanotecnologia torna a indústria competitiva

Nanotecnologia torna a indústria competitiva

11.05.2018

A miniaturização de componentes tem qualificado produtos e vem trazendo bons rendimentos para a indústria.  As nanopartículas já compõem diversos produtos, como roupas, cosméticos e calçados. O mercado mundial do setor é gigante. Segundo estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a nanotecnologia deve movimentar R$ 9 trilhões ao redor do planeta em 2018. O valor é uma vez e meia superior ao PIB brasileiro de 2017, que ficou em R$ 6 trilhões (segundo o IBGE).

 Para incentivar a capilarização da tecnologia, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) iniciaram um projeto piloto em 2017. As entidades estão realizando rodadas tecnológicas setoriais e eventos de sensibilização por todo o país. “O primeiro passo é saber quais as necessidades da indústria que podem ser resolvidas com nanotecnologia. Em um segundo momento, vamos selecionar três empresas, de forma piloto, para fazer um diagnóstico nano. Vamos identificar quais as oportunidades de mercado envolvendo a técnica”, explica o presidente da ABDI, Guto Ferreira.

 Mas como a introdução de nanopartículas se traduz em rendimentos? Um dos fatores é o ganho de escala. A especialista da ABDI, Cleila Bosio, explica que na indústria cosmética, por exemplo, estão fazendo mais com menos. “Protetores solares, por exemplo, usam como base o dióxido de titânio, que no modelo convencional deixa algumas marcas na pele. Quando transformado em nanoescala, utiliza-se menos matéria-prima, aumentando a eficiência do produto. É como se ficasse uma película transparente sobre a pele”, ilustra. O benefício para a indústria é menos gastos com insumos, e para o consumidor mais eficiência do produto. Na prática, ele protege mais contra os raios ultravioleta.

Financiamento

 Para as indústrias que quiserem investir na área, existem diferentes linhas de financiamento no Brasil. Segundo o gerente de inovação da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Marcelo Nicolas, as indústrias precisam pensar em cinco fatores antes de implementar a nanotecnologia e conquistar financiamento: risco, abrangência, barreiras, impacto e externalidades. “Além dos riscos e abrangência, o empresário precisa pensar sobre quem aquela inovação vai atingir, projetando os reflexos no mercado. Quando você traz uma tecnologia inovadora para o mercado, existem efeitos tanto para o consumidor, como para a concorrência. Pensar e projetar isso é fundamental”. A Finep disponibiliza para indústrias de todos os setores financiamentos de R$ 150 mil a R$ 10 milhões de reais, voltados para nano. 

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também financia as pesquisas do setor. Fernão de Souza Vale, integrante da equipe do Banco, explica que são duas modalidades de financiamento. “Há diretos e indiretos. O direto é a partir de R$ 10 milhões, voltado para grandes empresas, então a maioria vai acabar na linha indireta, que é disponibilizada por instituições parceiras”. O BNDES repassa o dinheiro para outros bancos que fazem a análise de crédito.